A Ascensão do "Elevated Horror": Por Que o Terror Inteligente Veio Para Ficar

De “Hereditario” a “Corra!”, o "elevated horror" está dominando o cinema. Analisamos como o gênero usa metáforas sociais e terror psicológico para criar obras profundas e assustadoras.

05 de dezembro, 2025
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Nos últimos anos, um novo termo surgiu para descrever uma onda de filmes de terror aclamados pela crítica: 'elevated horror' ou 'pós-terror'. Embora controverso, o rótulo aponta para uma tendência clara: filmes que usam os tropos do terror não apenas para assustar, mas para explorar temas complexos.

'Corra!' (2017), de Jordan Peele, é talvez o exemplo mais emblemático. O filme utiliza uma premissa de terror corporal para tecer uma crítica afiada ao racismo liberal na América. Da mesma forma, 'Nós' (2019) explora a dualidade da identidade americana.

Ari Aster, com 'Hereditário' (2018) e 'Midsommar' (2019), mergulha no terror psicológico derivado do trauma e do luto. 'Hereditário' é um retrato devastador de uma família se desintegrando sob o peso da dor e de segredos sombrios.

O que une esses filmes é a ênfase na atmosfera e na tensão psicológica em detrimento dos 'jump scares' fáceis. Eles confiam na inteligência do espectador para conectar as metáforas e sentir o desconforto que permeia cada cena.

Essa abordagem não é inteiramente nova. Filmes como 'O Bebê de Rosemary' (1968) e 'O Iluminado' (1980) já utilizavam o terror para explorar a paranoia, o abuso e a loucura. No entanto, a onda atual parece mais concentrada e autoconsciente.

A popularidade desses filmes demonstra um apetite do público por um terror mais substantivo. Eles provam que o gênero pode ser um veículo poderoso para comentários sociais e exploração da condição humana.

Beatriz Costa

Beatriz Costa

Jornalista de Cinema

Especialista em terror e cinema de arte. Com mais de 10 anos cobrindo festivais internacionais, traz as principais tendências do cinema contemporâneo.

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