Cinema e Psicanálise: Como "Cisne Negro" Explora a Sombra do Perfeccionismo

Mergulhamos na mente de Nina Sayers. “Cisne Negro” de Darren Aronofsky é mais que um filme sobre balé; é um thriller psicológico aterrorizante sobre a busca destrutiva pela perfeição e a repressão do "eu".

05 de dezembro, 2025
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'Cisne Negro' (2010), de Darren Aronofsky, é uma obra-prima do terror psicológico que utiliza o competitivo mundo do balé como pano de fundo para uma descida visceral à loucura.

O filme narra a história de Nina Sayers (Natalie Portman), uma bailarina tecnicamente perfeita, mas emocionalmente reprimida, que consegue o papel principal em 'O Lago dos Cisnes'. O desafio é que ela precisa incorporar não apenas o puro Cisne Branco, mas também seu duplo malevólo, o Cisne Negro.

A jornada de Nina para encontrar seu Cisne Negro interior se torna uma batalha literal por sua sanidade. Aronofsky usa a câmera de mão e closes extremos para nos prender à perspectiva claustrfóbica de Nina. Sentimos sua ansiedade, sua dor física e sua crescente paranoia.

Do ponto de vista psicanalítico, 'Cisne Negro' é um estudo fascinante sobre a repressão e o conceito junguiano da 'sombra'. A sombra representa as partes de nós mesmos que reprimimos - nossos instintos, nossa raiva, nossa sexualidade.

Nina, criada por uma mãe superprotetora, personifica a repressão. Seu quarto infantil, cheio de bichos de pelúcia, e sua persona dócil são a fachada. O Cisne Negro é a manifestação literal de sua sombra.

Lily (Mila Kunis) age como um catalisador. Ela é tudo o que Nina não é: livre, sensual e impulsiva. A busca pela perfeição artística se torna uma desculpa para a autodestruição. O diretor a empurra para 'se perder'.

O clímax do filme é a performance final de Nina. No palco, ela finalmente se transforma no Cisne Negro. A metamorfose é aterrorizante e bela. Sua fala final, 'Eu fui perfeita', é arrepiante.

Sofia Ribeiro

Sofia Ribeiro

Crítica de Cinema

Crítica de cinema especializada em ficção científica e dramas psicológicos. Formada em Cinema pela USP, traz uma visão analítica e profunda sobre as obras que assiste.

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